Por emprego, mais de mil haitianos migram para Cuiabá: Construção civil tem absorvido a leva de estrangeiros; preocupação é com o pós-Mundial
Mais de mil haitianos vieram para Cuiabá, neste ano, em busca de emprego. A informação é do secretário municipal de Assistência Social e Desenvolvimento Humano, José Rodrigues Rocha Júnior. O número ainda não preocupa, pois o mercado de trabalho tem absorvido a mão-de-obra importada. “Eles têm vindo à Cuiabá bem como outras cidades brasileiras para a mudança da realidade. É um povo sofrido e com necessidades extremas. A OIT [Organização Internacional do Trabalho] tem acompanhado as atividades deles e o Governo Federal tem dado autorização para os haitianos entrarem no mundo laboral”, explicou o secretário.
A Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE) e a Pastoral do Migrante mantêm parceria para que, além do local servir de abrigo, se torne um centro mediação entre os estrangeiros e os empregadores. Dentro da Pastoral, os haitianos recebem informações sobre as leis trabalhistas brasileiras. A SRTE também conversa com os empregadores, para que garantam todos os direitos dos imigrantes.
De acordo com a auditora fiscal do Trabalho, Marilete Mulinari Girardi, a maioria dos haitianos não tem qualificação profissional e não fala português. Apesar de que na leva de imigrantes tenha aparecido os que possuem nível universitário, como dois advogados e uma engenheira agrônoma. Nestes casos, eles foram aconselhados a aceitar as vagas que aparecerem e, depois que se integrarem mais, procurar oportunidades de emprego que se encaixem no perfil deles. “Eles chegam ao Brasil com a expectativa de ganhar salários maiores, mas têm recebido entre R$ 700 e R$ 1 mil. A intenção deles é juntar dinheiro e mandar para os familiares que ficaram no Haiti e sentem dificuldades para isso”, disse Marilete.
A construção civil é o principal segmento que tem ofertado emprego aos imigrantes. Os haitianos também têm conquistado vagas em empresas de ônibus, frigoríficos, indústria de forro e PVC e na panificação. Os homens têm mais facilidade para ingressar no mercado de trabalho do que as mulheres.
A auditora do Trabalho disse, ainda, que a maior preocupação é com o período pós-Copa e como o mercado de trabalho mato-grossense vai se comportar com o fim das grandes obras, que empregou milhares de pessoas, inclusive os haitianos. “Por enquanto, ainda há muita oferta de trabalho para os não qualificados. O problema será depois do evento. Ainda não temos uma noção correta do que pode acontecer. O
Sindicato dos trabalhadores da construção civil acredita que o segmento deve absorver todos, pois vive um bom momento. É esperar para ver”, completou.